Economia
Quais ações de alimentos estão com melhor preço na Bolsa?
O ciclo do gado deve apresentar melhora no próximos meses e deve ser mais positivo para vendas de carne, de acordo com analistas ouvidos pelo InfoMoney. No setor, as Aves têm apresentado maior protagonismo, garantindo lugar positivo para os principais nomes.
Além disso, dentre os fatores que devem impactar positivamente os frigoríficos estão alguns inusitados, como a taxação de veículos elétricos chineses na Europa.
Retaliação da China na carne
Por mais distante que pareça essa relação, a nova regulamentação para os carros chineses gerou retaliação da China, segundo Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos. Isso fez com que o país asiático taxasse a exportação de suínos da Europa para Ásia e isso deve ser boa notícia para as carnes brasileiras.
“O setor também tem conseguido nos últimos anos liberações do equivalente à Anvisa da China para novas novas plantas para exportação para lá e está destravando investimentos também aqui para aumentar a capacidade de abate, algo que na minha visão é positivo para o médio prazo”, explica Cruz.
Qual é melhor ação do setor de alimentos?
Uma das mais beneficiadas em primeiro momento seria justamente a Minerva (BEEF3), que é atualmente a maior exportadora para a China. A companhia apresenta hoje alavancagem ainda um pouco elevada, na visão do estrategista.
A JBS (JBSS3), por sua vez, estaria mais “tranquila” em relação à alavancagem.
Enquanto isso, a Minerva estaria na contramão da concorrência, já que conta com uma alavancagem elevada, o que tem penalizado seus papéis, de acordo com Kevin C. Gervasoni e Fernando Marx, especialistas do TradersClub.
Na visão dos analistas, a queda tem relação com o anúncio do interesse de compra de algumas plantas da Marfrig (MRFG3). Os papéis da Minerva caíram mais de 37% nos últimos 12 meses, em especial após a manifestação do interesse na operação.
O movimento foi oposto ao observado pelas concorrentes, que apresentaram altas de 31% (JBS), 30,4% (Marfrig) e 67%, caso da BRF (BRFS3). A companhia, portanto, perdeu cerca de R$ 2,3 bilhões em valor de mercado, ao passo que concorrentes apresentaram alta acentuada, de acordo com a plataforma de dados Economatica.
A BRF, por sua vez, teve aumento de quase R$ 29 bilhões. Já a JBS quase dobrou seu valor de mercado, de R$ 38,7 bilhões para R$ 72,4 bilhões nos últimos 12 meses.
Ações mais “baratas”
Mesmo com as altas, os frigoríficos que mais se destacam dentre os mais “baratos” do setor são Marfrig e BRF. As companhias apresentam relação negativa de preço sobre o lucro (P/L) em -4,9 e -71 vezes, respectivamente.
No caso da Marfrig (MRFG3), a divisão de Aves seria responsável por 44% da receita a partir da BRF (BRFS3). Já a JBS conta com a Seara para garantir o efeito.
“A Minerva tem sido o patinho feio justamente por não possuir operação de aves ou um portfólio mais diversificado”, comentam Gervasoni e Marx.
Osso duro de roer para setor de alimentos
Se 2024 tem se tornado um ano “filé mignon” para o setor de carnes, as demais empresas do setor de alimentos têm amargado dificuldades.
Por isso, as principais do segmento, como AmBev (ABEV3), Camil (CAML3) e M Dias Branco (MDIA3) têm apresentado desempenho próximo às mínimas nos últimos 12 meses.
“Esse é um setor onde o mercado gosta muito de se proteger quando estamos em períodos de alta inflação, por conta da enorme capacidade de repasse do setor. Como estamos em um ciclo de inflação bem controlada no Brasil, não tem sido um setor tão atrativo, exceto pelos frigoríficos e entre eles o mercado pode começar a olhar para as ações da Minerva”, comentam Gervasoni e Marx.
FONTE: INFOMONEY